Nossos corpos estavam lançados sobre a mesa, cheios de sangue que parecia um suor que brotava dos poros. Estávamos exaustos, exageradamente cansados. A noite passada fora cruel e agora morremos aos poucos, deitados de lado, um de frente para o outro. Estávamos sérios mais trocávamos intensos olhares sem se preocupar com o que havia acontecido.
Aos poucos vinham as lembranças do tempo em que éramos amigos, as coisas boas que havíamos feito. Relembrávamos os toques de nossas mãos, ambas geladas, os nossos adeuses depois de um encontro de baixo das estrelas, que ficaram marcadas por olhares que se trocaram angustiantemente por ser apenas um encontro.
Víamos a situação em que o nosso amor se encontrara ensangüentado, e a nossa reação em meio ao choro era dizer que tudo estava bem, e que em breve dormiríamos juntos. Sonharíamos nos abraçando, quando na verdade realmente nos abraçávamos, por estarmos próximos um ao outro.
E observávamos quem teria a audácia de fechar os olhos, e o outro sobreviveria aquela angustia de ver o seu amor morrer e não poder fazer nada para o tal. Quem teria a audácia de deixar o seu amor sofrer vendo a sua morte. E então combinamos que juntos fecharíamos os olhos ao mesmo tempo, e ambos morreriam com a imagem do seu amor junto dos seus olhos. E quem sabe depois acordaríamos em um paraíso.
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