quinta-feira, 11 de abril de 2013

O menino de camisa xadrez do cinema.


 
“Ei, vai pegar mal se eu contar
Que eu imprimi todo o seu mapa astral?
Você foge assim que der, quando souber? [...]
Ei, se eu Falar que foi por amor
Que eu invadi seu computador
Você pega um avião? [...]
Eu queria tanto que você não fugisse de mim
Mais se fosse eu, eu fugia.” (FALCÃO, Clarice. Macaé)
 
Dedico a Márcio W. e Jéssica R.


          Logo de manhã, com os pés nus pisei o chão frio, espreguicei-me e fiz tudo como de costume e antes de sair ás 8:00 da manhã, arranquei do calendário a folha do dia anterior, com a nota de segunda-feira na mão lembrei rapidamente dos fleches da noite passada.
          O filme de um diretor francês, não lembro o nome, era sobre um assalto, o cara enganava a mulher com quem saia e está ficava chocada com a descoberta do roubo e ficou esperando-o após uma promessa. As cenas eram fortes, não que houvesse sangue ou cenas de sexo, mas pelo olhar e os closes que o diretor nos prestava. O que me deliciava nas sessões era o momento pós-filme, havia uma espécie de cantina, e alguém contratado pelo cinema iniciava o programa: “Diálogo e Café” - Não sei ao certo a pretensão capitalista neste evento, mais o local, as conversas, o ambiente nos propõe que consumamos alguma coisa, sempre gosto de apreciar esta notoriedade por que ‘eles’ caem mesmo no artifício- cujo tema era o filme que acabávamos de assistir.
          Há nove anos que habito esta cidade com pouco mais de 7.000 pessoas, há 4 anos conheço está “Casa de Projeção Lumiê” – Em um diálogo o mediador explicou que Lumiê vem de Lumiére, sobrenome dos irmãos franceses que inventaram o cinema.
          Ao chegar a Farmácia S. vesti a batina e tomei o lugar do outro atendente, meu trabalho ali era simples, primeiro observava a receita, depois de identificar o medicamento pegava-o na prateleira e por fim preenchia uma ficha com o valor onde era paga no caixa. Faço isso 6 dias por semana, de segunda à sábado, 7 horas de trabalho, das 8:30 ás 17:00 com intervalo de uma hora e trinta minutos para almoço. Há muito tempo frequento a CPL, o cinema, e maior parte das vezes vou só fico sempre nas sessões das 19hrs, e toda segunda há um filme novo em cartaz. E assim, divirto-me nos meus dias: No sábado vou à praça tomar sorvete de limón- meu preferido, talvez por que seja o menos vendido, e quando compro-o sinto que a vendedora me dá uma dose caprichada, e isso me faz gostar do limão. No domingo vou à igreja; Na segunda ao cinema e na quinta vou à Feira Central do C.J.N., compro frutas, grãos e material higiênico.
           Permaneço sempre com os olhos apreensivos, continuamente observando e analisando as pessoas que vejo todos os dias. Algumas delas eu vejo sempre nos mesmos lugares, sinto falta quando não aparecem e idealizo o que estariam fazendo. Olho as roupas, o modo como andam, como comem, falam, cospem e como se comportam. Poucas delas sabem da minha existência, ou me reconhecem, ou falam. Sou talvez uma câmera onde por traz do olhar obscuro da máquina há um interpretador, uma câmera sem filme.
          Desde então assim levo os meus dias trabalho, como, assisto TV, leio sobre filmes, e vejo filmes no cinema. Não há muito o que fazer quando se mora longe de seus parentes, tenho apenas uma tia muito mal humorada só nos vemos mesmo no tempo de festas, quando os parentes do centro-sul ligam e pedem que nos comuniquemos, raramente alguém aparece de surpresa, e lá estamos nós em volta da mesa comemorando: Natal, Ano Novo, Páscoa, Dia Das Mães, Dos Pais, São João, Finados, Férias, Aniversário, Feriados Santo... Somos o que diria algo convencional, estamos ali só por que convém o acaso. Mas, quando em mesa à sós os comentários são poucos, ‘Tudo bom?’, ‘Está bom esse molho!’, ‘A sua mãe, quando vem?’, são diálogos sintéticos, como se fossemos forçadas a pronunciar as palavras.
          Porém há meses notei uma coisa diferente, quer dizer igual, que sempre se repete todas as segundas, um homem ou rapaz; Primeiro notei a beleza dos olhos claros. Ele branco, mede em torno de 1,70, magro, tem umas atuações estranhas o modo como ele se porta em público. Não sei ao certo quanto tempo ele frequenta a CPL, só notei recentemente quando por coincidência em um quinta-feira decidi que antes de ir as compras, passaria na sorveteria, para tomar o Limón. Foi na ida da Praça para a Feira que um cartaz me despertou a atenção, ele estava fixado na vitrine do cinema, divulgava uma peça teatral sobre “Um Conto Politicamente Correto”, que estaria exibido no sábado e no domingo, ás 21hrs.
          Foi naquele sábado a primeira ocasião em muito tempo que invalidei o ciclo das minhas habitualidades, mais era um evento distinto, ver pessoas fantasiadas com disfarces, ser quem não se pode ser, imagino-me com uma máscara, teria o deslumbramento de muitos fatos aventureiros, que poderiam ser proporcionados. Já existia até o pensamento de como me vestiria para ir ao teatro.
          Apesar de encontrar-se na mesma atmosfera, as circunstâncias eram distintas, haviam pessoas diferentes, e inexplicavelmente durante todo o tempo me senti sufocada. Saí diversas vezes para ir ao banheiro, mais tudo que ocorreu foi excelente, além de estar linda -Cabelo preso em um coque mostrando o pescoço, uma correntinha de metal, vestido verde de alcinha e um sapato em cor creme- e delicadamente simples para o espaço em que estava.
          Foi neste dia que observei a essência dele, se destacou das pessoas pois enquanto todos riam ele permanência estável na poltrona. Notei por cima dos ombros a blusa de pouco elástico, quando as luzes atingiam efemeramente o tecido, refletia-se diversos tons em forma de quadrados, senti-me magicamente como criança e por alguns momentos esqueci-me da impressão de falta de ar....
          Assim como tudo terminou, foi automático ergui-me e assumi a direção da cantina, mas chegando lá lembrei que não existiria diálogo, contudo o assisti, ele estava só, abandonado eu já havia visto-o anteriormente mais meus olhos estavam diferentes. Era uma camisa xadrez de entre tons azuis estava de calça jeans, tênis de modelo all star, os cabelos bagunçados, na aparência de alguém tímido, não pude vê-lo inteiramente, talvez nem voltarei a vê-lo.  Fui direto para casa, pelo avenida mais próxima que havia, e ele adotou a minha frente durante todo o percurso quando chegou em minha rua ele continuou andando- Quando se está andando ele não olha para os lados, nem mesmo para trás, permanece com o olhar fixo em um horizonte que ninguém vê- parei ao portão e notei como a rua combinava com ele de costas, daria um belo retrato emotivo.
          Lembro que na segunda-feira depois da descoberta, meus olhos tumultuaram de alegria, outra vez pude vê-lo, e estuda-lo, estava com o ingresso em mãos, e aguardava na fila - Tirei conclusões próprias, depois de abundantemente ir ao cinema, há algumas pessoas que compram o ingresso e dirigem-se para a fila, estas tem um grande interesse em assistir ao filme, basicamente os primeiros que entram na sala tem o direito de escolher um bom lugar, diferente daqueles jovens com suas namoradinhas de lado conversando alto e rindo, preferem entrar por último e nós fazemos o possível para ficar em um lugar convencional e longe dos falantes –Ele trajava a mesma blusa, a mesma calça consumida na parte inferior, diferenciava nele as chinelas do estilo havaianas de cor azul escuro ou seria azul marinho.
          O primeiro filme que assistimos ‘juntos’, era de um americano, sobre fatos reais, e retratava as diversas versões de um estelionato entre secretários de uma mesma empresa. Observei todos os movimentos dele naquele dia, comportava-se com serenidade, como se não houvesse preocupação alguma. Diferente das pessoas brancas, ele era amarelo, um tom branco-amarelado próprio, mais não do sol, o tom amarelado estava no sangue dele –Uma vez li em um livro de biologia do ensino científico, havia uma doença que deixavam as células do sangue defeituosas e os bebes nasciam amarelados, imaginei se ele teria aquela doença, como já era grande e mais velho o amarelo foi se dissolvendo na pele dele.
          Naquele dia houve “Dialogo e Café”, ele pediu um café, sentou-se próximo as pessoas que realmente debatiam enquanto eu permanecia sempre em um lugar mais afastado, não havia um filme do qual não tivesse que comentar algo. Mas neste dia foi diferente, não expressei nada, o mediador olhou para mim e perguntou ‘Você vai acrescentar algo?’, apenas mexi o dedo indicador em consideração. Naquele lugar dava para vê-lo perfeitamente, os olhos eram fundos, tinha uma expressão de cansado e o comportamento sereno. Falou algo sobre a música que tocava no filme, algo inteligente que não compreendi. Depois de tudo segui em frente, e ele atrás quando cheguei no portão ele passou por mim, mais não disse nada e continuou sempre com o rosto erguido para o horizonte, que eu também queria ver.
          Procurei fazer da mesma forma naquela semana, na quinta passei no cinema e me decepcionei não havia nenhum cartaz sobre teatro, somente o filme. Entristeci, pois só voltaria a vê-lo na segunda, e somente se ele fosse assistir à estreia das 19hrs. Na segunda, uma amiga do prédio me acompanhou ela demorou muito para se arrumar, não falei sobre nada do que estava passando em mim. Porém, ao mesmo tempo vi-o, só que ao invés de seguir o rumo do cinema, ele vinha de encontro a mim, a direção oposta ao cinema –Não vai hoje, mais no mínimo já o vi, estava com uma blusa azul, no tom do mesmo azul da blusa xadrez, calça jeans e tênis, que não consegui ver se era all star, ele não me viu, ou não me reconheceu ou simplesmente não falou, básico como as outras pessoas fazem- Olhava para o horizonte, não observava os lados, e nem o chão, talvez tivesse algum problema que o impossibilitasse.
          Compramos as entradas, e ficamos na fila com outras pessoas, já conhecidas. Havia a menina loira –Baixa de óculos, vinha as vezes só ou acompanhada com outras meninas, usava uma faixa nas cores verde, preto, amarelo e vermelho prendida no pé, com um persigne e uma pinta próxima ao lóbulo da orelha, era branca amarelada do sol, mais era bonita, do tipo esbelta, nem gorda ou magra. –, tinha o casal de mochila –Ele era alto branco, rosto cheios de pontinhos, usava óculos, seu cabelo negro ficava azul com o reflexo da tela, as vezes vinha com uma touca marrom, e usava uma mochila preta de nylon. Ela morena, sem nenhuma marca no rosto, gostava de saias, tinha várias pulseirinhas de linha na mão, e usava uma bolsa azul jeans, eles usam anéis pretos, e sempre estão juntos na CPL –, e dois meninos dos fones. –Eles sempre estavam na fila escutando qualquer coisa, e compartilhavam os fones de ouvido, falavam pouco diferente das pessoas que vão juntas e ficam dialogando, não tinham nada em específico para destaca-los, apenas via-os na praça no sábado com outro grupo de pessoas, eles as vezes soltavam um sorriso, um oi ou olá. –A menina que me acompanhava aparecia as vezes, era baixa, usava o cabelo encaracolado, branca, com algumas cicatrizes na face de acne, muito gentil, sempre diz que tem pena de mim por andar sozinha, então respondo sempre, ‘Me sinto bem assim’.
          Algum tempo de espera e abriram a sala, entramos escolhemos um bom lugar, havia entorno de umas quinze pessoas, no fim do filme fomos ao diálogo, me surpreendi, porque lá estava ele novamente, com a mesma blusa xadrez de tons azuis, com a mesma expressão de serenidade, e branco amarelado –Lembrei do livro que tinha, era de Clarice Lispector a personagem principal se chamava Macabea, ele me lembrou muito ela, amarelo, magro, cansado, tinha o rosto com cara de quem evitava o vomito, do mesmo modo assim era ele. –Estava novamente só. Comentei algo rápido, ele ficou em silencio o tempo todo. Na volta para casa, a menina notou ‘Este rapaz estava lá, não estava?’, acentuei que ele sempre estava.
          Hoje depois de tudo, ainda me surpreendo lembro dos detalhes que venho apreendendo pouco a pouco. Antes de sentar-se na poltrona ele põem a mão esquerda no braço da cadeira para se apoiar, sempre faz o mesmo percurso das segundas –Vem na direção oposta, e depois aparece na sessão com a camisa xadrez ou a azul escura, havaianas ou tênis, e a calça sempre a mesma. –Às vezes ele repete sem notar determinadas palavras que os personagens dizem, calmo tem uma voz branda e não exibe nenhum tipo de toque ansioso.
          Ontem nos debatemos, era um filme constrangedor, forte sobre guerra, todos se mobilizaram durante o diálogo foi a primeira vez que nos falamos, concordamos que toda aquela guerra tinha tido início com o surgimento do capitalismo, e algumas vezes rimos juntos nos olhando, completando pensamentos, no fim foi dado uma cartilha com imagens do filme. No caminho não nos falamos, mais ali, ele na minha frente ao alcance de um braço, com a cartilha na mão, eu em suas costas, com folhas nas mãos, não nos falávamos, mais havia algo que nos conectava e isso era o suficiente. Parei no portão ele continuou, e então tentei olhar o horizonte e a única coisa que pude ver, foi ele com folhas nas mãos, coluna reta, rosto erguido, camisa xadrez, calça jeans, all star.
          A semana que se seguiu foi longa, muitas vendas na farmácia, o sorvete ficou 0,50 centavos mais caro e no sábado não havia mais Limón, a vendedora não sabia se voltariam a vende-lo, ‘Vende pouco’, ela respondeu. Tomei então sorvete de abacaxi, o cheiro encheu a boca d’água, tomei-o achando ruim o sabor, com saudade do outro. No domingo a missa foi de frente a igreja, e senti alguma coisa errada por que era dia de São Francisco, havia muita festa e a tia não me chamou para comemorarmos. Tinha muitas senhoras, muita gente estranha, muita mudança para um só final de semana.
          Mais na segunda acordei com expectativas de melhoras, e na padaria não havia pão, ás 7:00 da manhã. Então comi biscoitos que eram mais baratos mais não me agradavam. As 8:30, na Farmácia S. o empregador estava no balcão atendendo a um cliente, ficamos durante toda a manhã conversando sobre o que eu fazia, almoçamos juntos e descobri um grande pai de família por trás do homem autoritário que os outros desatinavam ser. - E notei que não gosto de conversar.
          A noite percebi que parte de minhas roupas estavam molhadas, não houve sol suficiente para secá-las, então vesti uma roupa de domingo e percebi, era a mesma roupa que havia usado na primeira vez fui ao teatro, mas desta vez de cabelos soltos não usei a correntinha, apenas o vestido.
          Quase fiquei em estado de choque quando entrei no cinema e pedi ‘Ingresso das 19hrs’, a resposta que obtive não me agradou, ‘Não há mais sessão das sete, os horários mudaram, a estreia vai ficar para as 20hrs. Vai querer?’. Olhei para ele e tentei juntar as palavras que ouvi. Balancei a cabeça, no meu rosto a expressão de algo confuso. Com o ingresso nas mãos pensei se ficaria na cantina, mas lá possuía poucas pessoas, e logo chegaram os meninos dos fones, um deles olhou para mim deu sinal com a mão e soltou um sorriso. O tempo pareceu não passar, aos poucos a cantina foi ficando cheia de gente até que os meninos se levantaram, então esperei eles sumirem no corredor da sala de sessão e segui apressadamente para a fila que já estava imensa, dentre aquelas pessoas, ele. Estranhamente, de calça jeans como sempre, all star, e com uma blusa nova, de tecido com elástico, de cor vermelha. Estava lindo, mais branco e menos amarelo, mais homem e menos menino. Não consegui um bom lugar, mais estava agradável, apesar das conversas e dos cochichos descarados dos namorados, e ele em algum lugar que não conseguia ver.
          No fim do filme, –Que foi muito curto. –Sentei-me no mesmo lugar de sempre, e ele surgiu no corredor, e andou magramente ao lado de uma mulher que estava acompanhada, e ele sorriu despediu-se dela e continuou, até vir em minha direção.
          Ele verdadeiramente estava diferente e bonito. Olhou para mim, aproximou-se baixou o rosto ao nível do meu. Perguntou suavemente, ‘Posso?’, puxando a cadeira para o seu lado. Balancei o rosto, ele pediu um café. Observou novamente meu rosto analisando cada linha dos meus olhos. E não me contive, soltei um sorriso vago, impreciso, tímido e ele também riu comigo.
‘Oi?’
Kérollen Duarte.
Crato-CE, 2013.1

quarta-feira, 13 de março de 2013


 1.Produção
Alexandre Lucas
Jackeline Kérollen Duarte
Janaina Felix Júlio


         2. Organização
Coletivo Camaradas


          3.Trilha Sonora
Alceu Valença- Juazeiro Petrolina, 2005


          4.Montagem
Jackeline kérollen Duarte


          5.Texto
Jackeline Kérollen Duarte
Janaina Felix Júlio



          6.Agradecimento
Aos passantes que participaram das nossas filmagens
Aos organizadores da Feira de Crato
Aos trabalhadores/vendedores da Feira de Crato
Ao BAR que nos disponibilizou um camarim provisório    

terça-feira, 12 de março de 2013

Como, Bebo e Vomito!



Quero comer!
Comer o que?
Comida estruída.
Restos de comida?
Quero comer...
Queremos comer.
Comer o lixo
Comer o dinheiro
Comer a poluição
Comer os burgueses
Comer o mundo
Comer os políticos
Beber,
Beber das águas dos rios
Beber as mentiras
Beber as noticias censuradas.
Quero Vomitar!
Vomitar as verdades
Vomitar a esperança
Vomitar a revolução
Vomitar a educação
Vomitar o verde da natureza.
Queremos reciclar,
Queremos reciclar...

Em Dois.


Uma Língua, dois lábios.
Duas línguas.
Duas bocas unidas.
Dois lábios, em quatro.
Dois rostos, um compasso.
Quatro mãos, três ativas.
Passeando pelo corpo, duas indistintas.
Os pés pelados desnudos, dois,
Enquanto outros dois em meias guardados
Os seios entumescidos, 
Dois narizes altamente olfativos,
Dois olhos semicerrados, 
Outros dois dormindo.
E assim passando o tempo
Até o próprio corpo ficar nu.

O Ciclo




Uma coisa que é sempre repetitória, e que se mantém na mesma 
proporção forma um ciclo, este que é indeterminadamente vicioso, 
Com fragmentos desejáveis e inadimitíveis, não importa qual seja 
a maneira em que ele se represente, o modo em que ele se comporta.
Se é um ciclo, pode ser sim vicioso ou repetitivo ou simplesmente ciclo, 
com começo, meio e fim. Basta chegar ao ponto zero, que já se dá inicio 
ao ciclo, ou passar pelo ponto final que é determinado ou indeterminado
dependendo do caso, eis o ciclo mais uma vez: .
Uma letra
M
Dá inicio a um ciclo, mais no mesmo momento ele próprio se encerra no 
ciclo do palavreado. Uma inspiração marca o inicio da respiração, enquanto
que a expiração trata de encerra-lo, ai está o ciclo que é repetido por nós sem que o 
notemos. A própria vida é trajada de um ciclo próprio, iniciada talvez na
inspiração do recém-nascido ou na fecundação do ovulo com espermatozoide.
Somos tão mascarados de tolices, esse próprio texto forma um ciclo, mais 
que tipo de ciclo é a pergunta, onde ele se inicia? Na ideia de lermos o texto?
Quando tocamos na folha? Ou lá na letra "O" do titulo?
Eis o desejo, somos fartos de ciclos que nem ao menos são nomeados.
Um deles é a respiração, outro a vida, a ceia, o som, a saúde, o texto, o arfar,
mais poucos nomes que caracterizam um ciclo que dizemos conhecer, nós
 também conhecemos o principio e o fim do ciclo? Até onde vai o ciclo?
Nós estamos integrados ao ciclo ou é o ciclo que está em nós?
"To be, or not to be: That is the question"